segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Lô Borges-Chuva na montanha

Para limpar lágrimas, Paulo Leminski

Globalização

Podemos ter o melhor alcance?
                 Pistache
Podemos ter o maior abraço?
                Alpiste
Podemos ter o melhor relance?
                 Pin-up
Podemos ter o melhor desejo?
                 Fetiche

Vértebras

 Amor
     feito de nuances
         de vértebras escritas a dedos
                   de relvas, joaninhas
                               terraços de mil desejos

Kaleidoscópio

Ao navegar pelas linhas do teu corpo
e colher em seu jeito o momento
fotográfico do instante relapso
do desejo que desperta,
Ao deslumbre com o encanto do sorriso 
que me acerta
e sentir o raciocínio deslizar
e o coração bater descompassado
ao ruborizar da pele ao enrijecer dos pelos
Ao avançar o tempo que ganhas a aurora
e os lençóis tocam a música de Chet Baker
por um sentimento mais real
e ao encontrar-te todas as vezes
em que o universo expande em amplidão
ganhamos o céu e o mundo 
no cordão enfileirados de sentimentos
que transparecem nos realejos que tocam
no alvorecer de uma cidade nova. 

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Proposta de Tese

Descarto o frio da robótica
                                   e o gelo da lógica despótica
Hoje estou com os pés fora do aquário
                                roupas fora do armário
                                              mãos fora do esquadro
                                         sonhos fora do arquivo:
                                                    pensar e amar me faz toda  diferença
                                                                        Orlando Rangel

Referência

Hoje estou com vários descasos
       e mil mundos afora
vários caminhos e descaminhos
        filmografia plena de agoras.

Descarto o púlpito

        concentro a cena
misturo pálpebras com antenas
    e sei que nunca estou sozinho
         portas, janelas e ninhos
absorvem o mundo em nossa impermanência.

Constroem-se bares, beats e bits

    e também olhares bem tristes
sou cúmplice de algum mal entendido
   amores que nunca foram embora.
                                                        Orlando Rangel

sexta-feira, 4 de julho de 2014

quarta-feira, 7 de maio de 2014

A Casa de Pequenos Cubinhos

Que canto há de cantar o que perdura?
A sombra, o sonho, o labirinto, o caos
A vertigem de ser, a asa, o grito.
Que mitos, meu amor, entre os lençóis:
O que tu pensas gozo é tão finito
E o que pensas amor é muito mais.
Como cobrir-te de pássaros e plumas
E ao mesmo tempo te dizer adeus
Porque imperfeito és carne e perecível

E o que eu desejo é luz e imaterial.

Que canto há de cantar o indefinível?
O toque sem tocar, o olhar sem ver
A alma, amor, entrelaçada dos indescritíveis.
Como te amar, sem nunca merecer?
(Da Noite - 1992)

-------Hilda Hilst

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014