quinta-feira, 26 de março de 2020
Quando eu vi que supostamente Deus exibia sua forma universal,vi o espelho das formas e me vi no espelho perto de um olho dágua onde saindo de uma cacheira me deparava com jardins com morangos silvestres, com um cavalo branco olhando o arco-irís que olhava o mar.Via a agonia ao leste e ao oeste.Via São Paulo.via uma árvore donzela que falava,Via um mago e um castelo e entre eles uma ponte com formas geométricas que flutuavam no ar.Via uma biblioteca e um rapaz desafiando os carros. Via a voz dos espíritos, ouvia a voz dos mortos.conseguia me ver voando,ver as estrelas verdes na areia da praia.Via o casarão antigo e o cenário de amores.Via a passeata.via ao contrário. a contra-mão do horário certo de não ter horário.Um cachorro negro com olhos vermelhos sendo expulso com um cajado via a lua alva sobre o balanço e serpentina sobre carnavais.Um homem e uma mulher se sufocando de beijos e melanina,opróbio de suas desventuras.Via o menino azul por entre samambaias e um santo dançando a flutuar.Via o céu estrelado e cometas passeando.via a cigana adivinhando as perdas.via os ascetas adivinhando os ganhos.Via girassois desafiando as trevas,punks e darks nas luzes artificiais.Via o arco do mundo, eu no espelho me desconhecendo,eu no espelho colocando um piercing no nariz,o som da madrugada, a noite se concentrando.Via a minha tatuagem de lua e estrela a apontar o signo e o significado, a mão a varar a enxada.Via torrentes de água e a gota que salva,via o acidente de skate,via o salvamento de uma família,o destino sem muitas respostas,o amor sem dúvidas.Via afinal milhares de corpos e sem muita precisão Raul Seixas cantando que tinha nascido a dez mil anos atrás e não havia nada,nada, nada que ele não sabia demais.
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