segunda-feira, 25 de maio de 2020

Século XXI

Queria ter todas as respostas
     para esse desabrigo da chuva,
Essa cantilena maldita, sem poesia,
      que ironiza o nosso amor
essa voracidade espontânea
 esse bate estaca vai pro berro
esse mar de esperanta
essa vaca vai pro brejo.

Queria ter toda a cumplicidade
das revestidas poeiras estelares
em um abstrato concreto verso
em um distraído convexo vivo
sobre o côncavo do nosso dias lépidos

Queria essa linha do horizonte
sobre a agulha dos nossos dias mortos 
para cerzir em nossa roupa transparente
as costuras desse tempo ácido e seco

(Queria mesmo,enfim,poesia para perguntas que não conheço).

Orlando Rangel
         
 

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