Plumas
Do abismo do amor
a paixão modifica todas as coisas
do coração arranca pedaços
e com artérias e veias
tece flãmulas tremulando ao vento
vê, como o corpo brilha em seus espasmos incontidos?
como a pálpebra dilata a sua membrana?
Do abismo do amor
a paixão penetra o inconsciente
e jorra suas águas represadas
da dor faz rio, nascimento das dúvidas
ressucitando um fogo líquido e regenerador
vê, como as emoções parte a cosciência em duas?
como é pungente a memória e limitada suas certezas?
Do abismo do amor
a paixão crucifica sua bruta matéria
e de espinhos se faz plumas
para que não exista dor e seus motivos
para que não exista ternura sem esperança
Dingo
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