Composição escrita em um exemplar da Gesta de Beowulf
Ás vezes me pergunto porque razões
Me movem a estudar sem esperança
De precisão, enquanto a noite avança,
Esta língua dos ásperos saxões.
Já gasta pelos anos a memória
Deixa cair a em vão e repetida
Palavra e assim é como minha vida
Tece e destece sua cansada história.
Será (me digo) que de um suficiente
E mais secreto modo a alma sabe
Que é imortal e que seu vasto e grave
Círculo tudo abarca onipotente.
Para além deste afã e deste verso
Me espera inesgotável o universo.
Jorge luis Borges
Nenhum comentário:
Postar um comentário