O instante
Onde as eras, o sonho derradeiro
De espadas com que os tártaros sonharam,
Onde as fortes paredes que arrombaram,
E a Árvore de Adão, e o outro Madeiro?
O presente está só. Só a memória
Erige o tempo.
Sucessão e engano
São a rotina do relógio.
O ano
Menos vão não é do que a vã história.
Há um abismo entre o albor e o sol que desce
De agonias, de luzes, de cuidados;
O rosto, ao se mirar nos desgastados
Cristais da noite, não se reconhece.
O hoje fugaz é tênue e é eterno;
Nem outro Céu esperes, nem Inferno.
Jorge Luis Borges
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